“Pe. Bernardo Terreiro, como escreveu Delfim Monteiro no Praça Alta «…pertence à classe daqueles homens que não cabem na definição restrita duma palavra… Eu próprio, seu antigo discípulo, não chego a saber se é padre ou é pastor; se é músico ou criador; se é jornalista ou escritor; se é maestro ou professor; ou se é um pouco ou muito de todas estas coisas…».
A Biblioteca Municipal Maria Natércia Ruivo, assinala o autor Bernardo Terreiro do Nascimento conhecido localmente por padre Bernardo por ter dedicado a sua vida ao sacerdócio, como autor do mês de Junho. Todavia para além do sacerdócio, que exerceu desde a sua ordenação, em 1947, teve uma outra grande paixão: a música.
Enquanto estudante no Seminário do Fundão, aprendeu a tocar órgão, onde foi nomeado organista do seminário. Atraído pela composição musical, fez o Curso de Composição do Conservatório Nacional do Porto e frequentou vários cursos de especialização musical, nas áreas da composição, direção coral, pedagogia e canto gregoriano, alguns deles na Fundação Gulbenkian, com professores de renome internacional, como Edgar Willems, Jos Wuytack e Pe. Pierre Koelin.
Em 1948, começou a dar aulas de música no Seminário do Fundão, onde durante alguns anos, juntamente com o irmão Álvaro Terreiro, dinamizou a componente cultural do seminário, e em 1966, foi destacado para o Seminário Maior da Guarda como professor de música, começando a dirigir a música da liturgia na Sé Catedral e a dar aulas no Colégio diocesano de São José e na Escola Preparatória da Guarda, onde foi professor efetivo. Mais tarde, foi convidado para integrar o corpo docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico da Guarda, onde lecionou durante dez anos e onde veio a criar, com outro colega, a variante de Educação Musical.
Como docente de música, dirigiu vários coros, entre os quais o Orfeão da Covilhã, o Orfeão do Centro Cultural da Guarda e o Coro Etnográfico de Almeida, além dos coros dos seminários do Fundão e da Guarda.
Ao longo da sua vida, foi compondo canções, algumas com letras escritas pelo irmão Álvaro, e a maior parte delas de cariz religioso, muitas delas cantadas hoje em todo o país nas celebrações eucarísticas. Destaque para o conhecido Magnificat, que Fátima adotou para o seu repertório nas grandes peregrinações. Mas destacam-se também outras composições, como a música a 4 vozes mistas, composta a partir do poema a Balada da Neve de Augusto Gil.
Almeida, terra natal de Bernardo Terreiro, esteve e continua a estar muito presente na sua vida, continuando entusiasticamente a ser um Almeidense de Corpo e Alma, e em prol de Almeida destacamos uma obra sua, para ser a sugestão de Leitura do mês de Junho: Património musical de Riba-côa dada a importância que tem naquilo que deve ser também a missão de uma biblioteca publica, conservar e divulgar o património imaterial da localidade e ou região onde se insere:
Obras publicadas do autor disponíveis para consulta na Biblioteca Municipal Maria Natércia Ruivo:
Salmos responsoriais harmonizados: em coro misto com acompanhamento de órgão para todos os domingos e festas do ano. Guarda: Escola Superior de Educação da Guarda, 2007
Centro Cultural da Guarda: memórias. Guarda: Câmara Municipal, 2007
Salmos harmonizados para orfeão. Apelação: Paulus Editora, 2005
Cantando ao Senhor da vida: cânticos para celebrações. Lisboa: ed. Autor, 2001
Património musical de Riba-côa: memórias e subsídios. Lisboa: ed. Autor, 1999
O meu primeiro livro de música. Linda-a-Velha: Girassol, 1994
Cantando a vida: orfeão, poemas e hinos. Guarda: Instituto Politécnico da Guarda, 1990
Balada da neve de Augusto Gil: musicada para coro misto. Guarda: Instituto Politécnico da Guarda, 1988
Em coautoria com o irmão Álvaro:
Sons que nunca murcham. Lisboa: ed. Autor, 2011
Fátima e a eucaristia. Lisboa: ed. Autor, 2009
Ginástica cómica: opereta. Fundão: Tália, 1961