18 de maio - Dia Internacional dos Museus 2020: “Museus para a Igualdade: Diversidade e Inclusão”
Hoje e sempre somos Museu! Somos Museu Histórico Militar de Almeida! Visite-nos estamos preparados para o receber!
O Dia Internacional dos Museus (DIM), é celebrado a 18 de Maio, sendo o lema para este ano “Igualdade: Diversidade e Inclusão”, almejando o objetivo de se afirmar como uma museu para todos e como “ponto de encontro para celebrar a diversidade de perspetivas que compõem as comunidades”. O caminho é longo, mas há que continuar a trilhá-lo no sentido de sermos para todos e para que todos se sintam incluídos.
É por isso premente e urgente robustecer os vetores essenciais que definem o MUSEU “instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e fruição”.
Saber comunicar e educar para a coleção é essencial, torná-la acessível a todos é urgente e aqui a comunicação e os serviços educativos têm um papel primordial.
Por isso, o MHMA informa que pretende continuar o caminho para melhorar a museografia dos seus espaços e coleções, aprimorar os seus serviços educativos para todos, comunicar melhor o seu espólio, envolver cada vez mais a comunidade na sua história.
É essencial que a coleção tenha vida, impõe-se um espaço que se quer de todos e para todos. O nosso compromisso é mostrar mais do que uma coleção, é proporcionar experiências!
O MHMA conta uma história através do discurso museológico que apresenta, entender o seu contentor (edifício) é essencial, ele próprio tem uma história que se entrelaça, nos conteúdos que apresenta!
Os subterrâneos do Baluarte de S. João de Deus! História de um edifício.
A Fortaleza de Almeida, sendo uma Praça-forte da fronteira concebida ex-novo, apresenta-nos um traçado hexagonal de amadurecida execução técnica, para além de dimensões impressionantes cujas obras só fazem sentido quando lidas e compreendidas no seu conjunto. A disposição radial dos pentágonos de cada um dos seis baluartes foi regulada pelo alcance de um tiro de mosquete.
O perímetro das suas fortificações, medido pelo parapeito do caminho coberto, atinge o extraordinário comprimento de 3 180 metros. A medição feita pela corda da magistral é de 2 442 metros, o que representa uma relação de pouco mais de dois terços da medida da estrela externa.
O Baluarte de S. João de Deus, é o maior da praça com 28 canhoeiras, ao nível da corda conserva ainda o seu caminho de ronda, (pese embora esta solução seja pouco habitual na fortificação abaluartada), tem plataforma no ângulo e cavaleiro lajeado para morteiros e guaritas a pontuar os ângulos.
O Edifício, breve caracterização:
Este baluarte apresenta um dos edifícios mais emblemáticos da Praça-forte, de elevado valor projetual apresenta um vasto programa construtivo de cerca de 2 500 m2. No seu interior, tem 20 compartimentos abobadados ladeando um corredor de acesso e um pátio central.
Esta configuração corresponde (no essencial) ao piso térreo do projeto de Manuel de Azevedo Fortes (1736). O projeto a ser completado na sua totalidade era na verdade mais ousado na sua realização técnica nomeadamente na construção de um grande Cavaleiro com três níveis e terraço para artilharia, que nunca chegou a ser construído, fosse pela urgência de outras obras mais prementes na data, ou pelo declinar da velha arte de fazer a guerra, transmutando do assédio às fortalezas urbanas para a guerra de movimento.
Em lugar do edifício em altura podemos ver a originalidade de um sistema de cobertura constituído por megálitos de granito imbrincados (à semelhança de telhados dos templos e das stoas do período grego clássico), com caleiras redondas no mesmo material. (Campos:2006)
Usos e histórias:
Multifuncional desde a sua construção, dada a extensa área coberta e a sua boa construção, este complexo construído, favoreceu no passado vários usos, consoante as mais variadas necessidades de uma praça de guerra, foi aquartelamento de soldados, hospital, sítio de refúgio, prisões, conforme escritos nos relatórios dos sucessivos governadores ou engenheiros entre 1762-1833.
Sabemos por exemplo que durante o cerco de 1762, e citando relatório de Mc. Lean no Le jornal d´Almeida,” as casamatas foram durante os meses de Junho e Julho refugio de mulheres, crianças, freiras e de homens doentes e extremamente feridos”, ao mesmo tempo em 1766 o coronel Funck determinava que os subterrâneos eram de grande utilidade durante um cerco, para o acondicionamento de doentes, feridos, servindo também para armazéns de toda a espécie, dada a escassez presente dos mesmos na cidade. Em 1790 o Conde de Oeyhausen previa a necessidade de se fazer “hum cavaleiro pela Construção de Vauban (…), nos subterrâneos de S. João de Deus dada a necessidade de oficinas, ou alojar livres de perigo a tropa em descanso.
Sabemos pelos Livros de Assentos das prisões militares do Governo de Almeida (AHM; cit. Carvalho: 1973) que entre 27 de Agosto de 1828 e 31 de Outubro de 1833, se registam-se nas prisões da vila mais de um milhar de presos; mais de duas centena estiveram nas casamatas, 49 evadiram-se escalando os seus muros e 29 por arrombaram os canos das latrinas. Durante o mesmo período registam-se nos subterrâneos de S. João de Deus 41 mortos.
Estas e outras histórias fazem parte do edifício em presença e que atualmente é chamado a cumprir uma nova função igualmente importante: a de Museu Histórico-Militar e a de guardião de memórias de uma vila guerreira!
Hoje somos Museu, reabrimos (de forma condicionada) depois de um período conturbado, mas estamos preparados para o receber em segurança.
Não podemos ainda deixar de referir o CEAMA instalado nas Portas Exteriores de S. António, outro espaço cheio de História que não pode perder.
Venha visitar-nos, esperamos por si de Terça a Sexta-feira das 09:00 ao 12:00 e das 14:00 às 17:00; sábados e domingos das 10:00 ao 12:00 e das 14:00 às 17:00 (nos feriados o horário é igual ao de fim de semana).