FESTIVAL “CÔA – CORREDOR DAS ARTES”
Em julho deste ano, a expressão artística está de volta ao Grande Vale do Côa e a arte regressa ao selvagem nesta região do país. O festival “CÔA – Corredor das Artes”, organizado pela Rewilding Portugal, vai ter a sua primeira edição a acontecer em cinco concelhos distintos ao longo de cinco semanas consecutivas em julho: Sabugal (1-4 Julho), Almeida (5-10 Julho), Figueira de Castelo Rodrigo (11-16 Julho), Pinhel (17-23 Julho) e Vila Nova de Foz Côa (24-30 Julho). São 30 dias de programação diária e altamente variada, num festival que procura conectar artistas com comunidades neste ambiente natural. A programação já foi toda anunciada e não podia ser mais variada. Ao longo de cada um dos cinco fins-de-semanas, o festival conta com diversos espetáculos de música, dança, teatro, circo contemporâneo, arte de rua, showcooking, videperformance, magia e muito mais. Além disso, muita serão ainda as oficinais, caminhadas, aulas de desporto, corridas artísticas e visitas de campo e de natureza também nesses dias. Já durante a semana, o festival foca-se mais na sua componente natural e cultural: visitas às áreas rewilding geridas pela Rewilding Portugal, visitas comentadas pelo património histórico da região, mostras de cinema ambiental, observação de vida selvagem, visitas às gravuras rupestres etc. Dentro da componente musical, destacam-se grandes nomes em ascensão na música portuguesa nos últimos anos: Surma, Noiserv, Márcia, Criatura, Meta, La Baq, Metamito, juntamente com alguns veteranos nestas andanças como são Manuel João Vieira ou António Bexiga, e ainda jovens músicos e artistas que estão agora a lançar a sua carreira a nível nacional e que vão usar o palco deste Corredor das Artes para se dar a conhecer e projetar o seu trabalho para o presente e para o futuro. Todos os espetáculos do festival são totalmente gratuitos e sem bilhete necessário, sendo apenas preciso comprar bilhete e reservar lugar para as atividades à parte. Neste festival vão ser ainda inauguradas e visitadas as seis peças artísticas de grandes dimensões, realizadas apenas em materiais naturais por seis artistas que estiveram na região em residência artística entre abril e junho deste ano: Marcelo Moscheta, Rumen Dimitrov, elparo, Antony Lyons, Gaspard Combes e Michèle Trotta. Um verdadeiro museu de arte ao ar livre numa região que tem uma ligação umbilical bem viva e presente entre o património natural e a expressão artística que o representa e mantém vivo.
Outro dos destaques deste festival vai para o Do(C)ôa Nature Film Festival, festival de cinema ambiental que teve a sua primeira edição associada diretamente a este CÔA – Corredor das Artes. Um concurso que visa premiar o que de melhor se faz em vídeo de natureza no nosso país e que vai premiar o melhor realizador e o melhor realizador jovem de entre os inscritos. Os 17 finalistas já foram selecionados entretanto e os vencedores e menções honrosas serão anunciados numa cerimónia muito especial e com muitas surpresas que acontecerá no Museu do Côa (parceiro do festival) no dia 28 de julho, pelas 21 horas. Além disso, todos os 17 filmes finalistas serão exibidos em diferentes mostras de cinema ambiental ao longo de todo o festival neste mês de julho.
O festival tem uma forte vertente de sustentabilidade, em concordância com o próprio trabalho da Rewilding Portugal enquanto organização de conservação de natureza, sendo que todos os lucros do evento serão utilizados diretamente nos esforços de renaturalização e restauro da paisagem desta organização em Portugal. Várias serão as iniciativas de sustentabilidade levadas a cabo ao longo deste evento, nomeadamente a erradicação de materiais descartáveis, através da utilização de copos reutilizáveis únicos do evento, que terão um custo e poderão ser devolvidos no fim de cada dia para reaver o seu valor na totalidade. Também a minimização da utilização de materiais promocionais físicos tem sido uma constante que tem norteado a organização de todo este festival, mantendo-se também durante os dias em que irá acontecer.
Este festival não recebeu qualquer financiamento público, sendo financiado pelo ELP / Endangered Landscapes Programme (Programa de Paisagens Ameaçadas) uma iniciativa progressista e privada, gerida pela Cambridge Conservation Initiative e financiado pela Arcadia, um fundo de caridade de Peter Baldwin e Lisbet Rausing, que prevê um futuro onde as paisagens da Europa sejam ricas em biodiversidade, estabelecendo ecossistemas resilientes, mais autossustentáveis, que beneficiam a natureza e as pessoas, restaurando processos, populações e habitats para um futuro melhor e mais sustentável. No Grande Vale do Côa, este financiamento está a permitir desenvolver e reforçar um corredor de vida selvagem de 120.000 hectares no Grande Vale do Côa, através do projeto “Promover a renaturalização do Grande Vale do Côa”, coordenado pela Rewilding Europe em parceria com a Rewilding Portugal, Zoo Logical, Universidade de Aveiro e Associação Transumância e Natureza.