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Danos Colaterais Mosqueteiros

Danos Colaterais Mosqueteiros

“As lutas na fronteira eram quase permanentes. Os soldados espalhavam-se pela província da Beira a fim de acudirem onde necessário. Improvisavam-se acampamentos, tomavam-se haveres dos civis, requisitam-se até habitações para os soldados. Almeida não fugia a esta regra. Por esse motivo, em 25 de agosto de 1644, os habitantes de Almeida fizeram uma petição a el-Rei reclamando dos vexames que recebiam por parte dos militares. Diziam eles que, em Almeida, não havia quartéis necessários para abrigar os militares lá existentes, sendo obrigado o povo a dar-lhes guarida e que estes, abusando da sua condição, tomavam o pão e palha sem qualquer indemnização, devastavam as vinhas e pomares, apesar de os moradores estarem sempre prontos, não só para cavar trincheiras, como também em cooperar com os seus bois, carros e cavalgaduras, nos transportes das munições e mantimentos em prejuízo da lavoura a que se dedicavam.

A miséria começava a alastrar-se pela região, culpa exclusiva das próprias tropas portuguesas que a ocupavam e por isso pediam um paradeiro total em tal estado de coisas.

(…) Foi feita, nesse ano, uma denuncia anônima de que estaria havendo descaminho dos bens guardados no castelo de Almeida. O Conselho de Guerra, por decreto de 19 de setembro de 1664, mandou apurar tal facto. Dizia a tal denúncia anónima que no castelo de Almeida estava azeite de sua Majestade em talhas quebradas e de tal forma que o chão se achava todo ensopado de azeite, sendo que o mesmo era dali levado pelos ministros como lhes parecia e sem autorização”.

CARVALHO, José Vilhena de. Almeida: subsídios para a sua história. 2.ª ed. [S.l.]: [s.n.], 1998. Vol. 1, p. 137 – 139 .

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