Mensagem Mágica - Parte 2
A história que o MHMA conta vai muito para além dos objetos que apresenta, e procura ir mais além do seu discurso museológico.
Por essa razão estamos sempre atentos e diligentes na comunicação da História do Sítio tendo como base a história contada nas entrelinhas da coleção:
Assim, através dos SE do MHMA vamos divulgar algumas interessantes passagens de “espionagem” e proporcionar ao público infantojuvenil uma curiosa experiência a que chamamos Mensagem Mágica
Queres vestir o papel de espião e escrever uma mensagem secreta aos teus amigos? O Museu Histórico Militar de Almeida ajuda-te! Diverte-te e boas aprendizagens!
Objetivo Experiência: Escrever uma mensagem que aparece magicamente.
Não vais levantar uma planta, não vais aguarelar um mapa, vais camuflar uma mensagem que só os teus amigos vão poder ler.
Entretanto algumas curiosidades
Sabias que:
Por forma a poder comunicar com alguma segurança foram utilizadas desde a antiguidade diversas formas de enviar e camuflar mensagens?
Há um manancial infindável e muito rico de atos de espionagem usada por informadores, traduzidas em relatos de viagens, iconografia de planos, mapas e plantas, que informam o poder político das manobras dos opositores:
Para o período da Restauração coincidente com a 3 sala do MHMA, contamos uma interessante façanha de Brás Garcia de Mascarenhas (por quem temos especial apreço) aquando da sua estada na Beira, que, para além de demonstrar apetência para arquitetura militar, dominava outras artes de grande importância na guerra, no caso: a espionagem(…) Os castelhanos dispunham na área da fronteira de três castelos – Albergaria, El Playa, e Eljas –, fonte de grandes preocupações de D. Álvaro Abranches e dos quais nada ou pouco se conhecia. Brás Garcia encarregou-se dessa empresa
Como foi possível tal façanha? Brás Garcia disfarçou-se de mendigo e de pedinte andrajososo, ulcerado e com deformação comovente, transfigurando-se num “mendigo viandante”, esmolando “una limosna, por amor de dios”, lamuriando e chorando “padre nuestros”, muito arrastados. Assim se encostava às muralhas, penetrava nas paradas dos castelos, vendo, analisando, tomando secretas notas. Artes dum verdadeiro e profissional espião e ao que sabemos em pouco tempo se apresentou perante D. Álvaro entregando-lhe “as plantas dos três castelos, acompanhadas de informações preciosas sobre o modo de neles entrar, quando fosse ocasião oportuna (2).
Contamos mais uma curiosidade, sobre atos de espionagem, desta feita do período da Guerra dos 7 anos, coincidente com a 4 sala do MHMA
A Guerra dos 7 anos é um dos principais conflitos militares ocorridos no século XVIII, e sobre o qual há um vasto conjunto de iconografia de Almeida e de relatos de espionagem também!
Sabemos que a posição de Portugal neste conflito resulta do facto de Inglaterra necessitar de uma base de operações contra, França e Espanha e por isso é natural que houvesse, nesta altura, uma atividade de espionagem muito particular devido ao afrontamento com o exército Francês/Espanhol.
A nossa atenção centra-se num mapa Espanhol de 1762 Plano Topográfico de los contornos de Almeida, construído sobre relaciones de prisioneiros práticos, que demonstra bem o conhecimento que havia sobre a fronteira do lado inimigo (no caso Portugal). Observando o mapa, vemos não só os lugares e sua distância entre eles, e os caminhos que os unem, bem como um conjunto de informação muito curiosa, por exemplo sobre o número de homens úteis das diversas povoações, na data de 1762, e que podiam ser arregimentados para manobras militares de interesse relevante, Almeida teria 300 homens úteis e já teria os seus 6 baluartes concluídos.
Demonstrativo ainda de que “Os serviços de inteligência franceses andavam sobre o terreno a recolher informações sobre os lugares da fronteira, é o relato sobre Almede (…) de cujo autor não se sabe muito e que caracteriza minuciosamente o caminho entre Ciudad Rodrigo – Almeida. O relato diz-nos, entre muitas outras coisas, sobre a Praça de Almeida “Segundo os Portugueses é a Praça mais temível da Europa, e esta implantada a Occidente do Reino de Leão, a Norte (A) do Rio Douro e a seis léguas ( B) grandes de Ciudad Rodrigo, a Oriente da Ribeira de Touroes (…)”
(Extraído do artigo de João Campos, CEAMA 22, pg.131https://www.cm-almeida.pt/flipbook/ceama-no22-2020/. “relato sobre Almeida no arquivo de Vincennes – Leitura de um documento preambular da Guerra da Sucessão de Espanha”